18 de setembro de 2019 – O secretário-geral da ONU, António Guterres, afirmou que o mundo está vivendo momentos críticos em várias frentes.
Em entrevista a jornalistas, às vésperas da abertura do debate de líderes internacionais na Assembleia Geral, Guterres destacou emergência climática, aumento da desigualdade, da intolerância e do ódio como alguns dos desafios atuais.
Cooperação Internacional
Além disso, preocupam o líder das Nações Unidas o aumento de tensões em todas as partes e um número alarmante de ameaças à paz e à segurança. Para ele, a cooperação internacional é mais necessária que nunca. E além de discursos, é preciso demonstrar às pessoas que líderes e instituições internacionais se preocupam com elas.
Há alguns meses, ao se referir à reunião de alto nível sobre o Clima, o secretário-geral pediu que os chefes de Estado e Governo trouxessem para a ONU planos em vez de discursos.
Para Guterres, existem duas palavras-chave: ação e ambição. Segundo ele, a ONU deve ser apresentada como um centro de soluções e um motor para mudanças positivas e significativas na vida das pessoas.
Mudança Climática
Guterres foi direto ao dizer que não há mais tempo a perder. E que o mundo já está perdendo a luta contra a mudança climática. Ao fazer um balanço sobre os avanços da implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, o secretário-geral disse que o mundo está “fora dos trilhos” para alcançar os ODSs.
O chefe da ONU vê as duas semanas de debate geral como uma oportunidade de aliviar as tensões, especialmente na região do Golfo. Ele citou ainda a importância da promoção do diálogo e da construção de soluções políticas para a Líbia e para o Iêmen, desde a questão da Síria até à situação israelense-palestina, do Afeganistão ao Sudão do Sul.
António Guterres afirma que com a chegada de um alto número de líderes mundiais à ONU, existe uma chance de se avançar com a diplomacia para a paz.
Ele disse que o foco para as reuniões da próxima semana será o desenvolvimento inclusivo e sustentável, sem deixar ninguém para trás.
O chefe da ONU disse que temas como mudança climática, que ameaça a tudo e a todos, estarão na mira dos holofotes da Assembleia Geral.
Eventos sobre Clima
Os eventos começam no sábado, 21 de setembro, com a Cúpula da Juventude sobre o Clima. Na segunda, 23, será a vez de líderes internacionais se reunirem sobre o tema no Encontro de Cúpula sobre o Clima.
Guterres falou da devastação que presenciou durante sua visita às Bahamas, no fim de semana, após a passagem do furacão Dorian. Segundo ele, temperaturas extremas vão causar mais e mais eventos desta natureza.
Ele disse esperar que a reunião de alto nível produza um grande número de planos para reduzir, dramaticamente, a quantidade de emissões de dióxido de carbono durante a próxima década. O plano da ONU é que o mundo atinja a neutralidade de carbono até 2050.
Prioridades
Nesta nova sessão da Assembleia, o líder da ONU esperar iniciativas para que o mundo abandone a produção de carvão como fonte de energia e acabe com subsídios a combustíveis fósseis, cortando a poluição que prejudica a saúde.
Guterres destacou a importância de se aumentar o número de soluções verdes, de construção da resiliência e a mobilização de financiamento e de trabalhos decentes para fazer a transição adequada para uma economia de matrizes limpas. Ele afirma que a ONU já está fazendo sua parte.
Nesta quarta-feira, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, anunciou a Promessa do Clima, uma iniciativa para impulsionar o apoio a 100 países com suas ações nacionais com base no Acordo de Paris sobre Mudança Climática, até 2020.
Empregabilidade
Ainda nesta quarta-feira, ele a Organização Internacional do Trabalho, OIT, com o apoio de Espanha e Peru lança a Ação Climática para Empregos. A proposta é priorizar a criação de empregos e a proteção da subsistência nos planos nacionais sobre o clima.
O líder da ONU lembrou que cerca de 1,2 bilhão de pessoas, ou 40% do emprego mundial, dependem de um ambiente estável e saudável.
Ele disse que a todos têm uma contribuição a dar: governos, setor privado e cidadãos em todas as partes.
Agenda 2030
Na terça-feira, a ONU lançará a Década de Ação para entrega de resultados da Agenda 2030.
Para Guterres, o caminho a seguir não é aquele visto sob o prisma da economia da década passada, mas a economia do próximo decênio baseada no potencial da Quarta Revolução Industrial.
Ele concluiu destacando outros eventos de alto nível como um sobre cobertura universal de saúde, o de desafios enfrentados por pequenos Estados-ilha e o de financiamento para o desenvolvimento para se alcançar a Agenda 2030, além de vários encontros sobre paz e segurança.
Juventude
Guterres disse que tem uma mensagem simples aos líderes internacionais: priorizem as pessoas, suas demandas, suas aspirações e seus direitos.
As pessoas querem soluções, compromissos e ações de seus governantes. E para ele, esta mensagem vai ser ouvida, logo no sábado, quando a juventude assumir o microfone na ONU.
FIM
Fonte: ONU News em português