21 de abril de 2021 – Na terça-feira, um júri decidiu condenar o ex-policial Derek Chauvin por três crimes relacionados com a morte do afro-americano; Floyd se tornou um símbolo dos protestos globais por justiça racial; para alta comissária para os Direitos Humanos, “qualquer outro resultado teria sido uma caricatura de justiça”.
A alta comissária para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse esta quarta-feira que a condenação do ex-policial americano Derek Chauvin pela morte de George Floyd “é um veredicto importante”.
Segundo ela, a decisão “é também um testemunho da coragem e perseverança da família de George Floyd e de muitos outros em clamar por justiça.”
Sentença
Na terça-feira, um júri decidiu por unanimidade condenar o ex-policial por três crimes relacionados com a morte de Floyd, um homem negro asfixiado durante uma abordagem policial em maio de 2020, em Mineápolis, nos Estados Unidos.
A pena ainda será anunciada pelo juiz em dois meses. O crime de homicídio culposo, o mais grave dos três, tem uma pena que pode ir até os 40 anos de prisão.
Bachelet disse que, como o júri reconheceu, as provas neste caso “eram cristalinas.” Segundo Bachelet, “qualquer outro resultado teria sido uma caricatura de justiça.”
Luta
A chefe dos direitos humanos afirmou, no entanto, que para inúmeras outras vítimas de afrodescendentes e suas famílias, nos Estados Unidos e em todo o mundo, a luta por justiça continua.
Segundo Bachelet, “a batalha para levar os casos de uso de força excessiva ou assassinatos pela polícia aos tribunais, quanto mais para vencê-los, está longe do fim.”
A chefe de Direitos Humanos disse que a impunidade para crimes e violações destes princípios fundamentais por parte de policiais deve acabar, e pediu medidas robustas para prevenir mais mortes arbitrárias.
A alta comissária contou que, nos últimos dias e semanas, o mundo testemunhou “dolorosamente” que “as reformas nos departamentos de policiamento dos Estados Unidos continuam insuficientes para impedir que pessoas afrodescendentes sejam mortas.”
Para ela, “é hora de passar da conversa sobre reforma para realmente repensar o policiamento como é praticado atualmente nos Estados Unidos e em outros lugares.”
Racismo sistêmico
No ano passado, o vídeo mostrando a morte de George Floyd deu origem a uma série de protestos globais contra racismo sistêmico.
Bachelet disse que o caso “ajudou a revelar, talvez com mais clareza do que nunca, quanto ainda resta a ser feito para reverter a maré de racismo sistêmico que permeia a vida dos afrodescendentes.”
Ela reconheceu que medidas importantes estão sendo implementadas nos Estados Unidos, mas afirmou que “esses esforços devem se acelerar e expandir, e não devem ser diluídos quando o foco do público se desloca para outro lugar.”
A alta comissária realça que “é hora de examinar criticamente o contexto em que ocorreu a morte de George Floyd, revisitando o passado e examinando seus traços tóxicos na sociedade de hoje.”
Para Bachelet, “o redesenho do futuro só pode ocorrer por meio da participação plena e igualitária dos afrodescendentes e de maneiras que transformem suas interações com a aplicação da lei e, de forma mais ampla, em todos os aspectos de suas vidas.”
Mudanças
A chefe dos Direitos Humanos destacou “o legado entrincheirado de políticas e sistemas discriminatórios”, incluindo os legados da escravidão e do comércio transatlântico e o impacto do colonialismo.
Para ela, tudo isso “deve ser eliminado de forma decisiva para se obter justiça e igualdade racial.” Se isso não acontecer, ela diz que “o veredicto neste caso será apenas um momento passageiro, quando as estrelas se alinharem por justiça, ao invés de um verdadeiro ponto de viragem.”
Em junho, a alta comissária apresentará um relatório sobre o tema, que incluirá uma agenda para mudanças transformadoras para desmantelar o racismo sistêmico e a brutalidade policial contra africanos e afrodescendentes.
O relatório também incluirá propostas para promover a responsabilização e reparação para as vítimas.
Fonte: ONU News
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