15 de setembro de 2022 – De acordo com as projeções atuais, o aumento da inflação global atingirá particularmente as economias emergentes e em desenvolvimento este ano, somando-se a uma “confluência de crises” que ameaça a todos nós, alertou na quinta-feira a Alta Comissária Interina da ONU para os Direitos Humanos.
Falando ao Conselho de Direitos Humanos em Genebra, Nada Al-Nashif citou as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) de que as economias avançadas devem se preparar para taxas médias de inflação de 6,6% em 2022, bem abaixo dos 9,5% estimados para os países mais pobres.
Al-Nashif acrescentou que, embora as taxas de emprego dos países mais ricos do mundo tenham retornado ou excedido os níveis pré-pandemia até o final de 2021, “a maioria” das nações de renda média ou baixa ainda não se recuperou da crise causada pelo COVID -19.
O legado do COVID e o sofrimento da Ucrânia
O coronavírus “expôs e exacerbou desigualdades pré-existentes” e atrasou o crescimento sustentável “por vários anos em muitas partes do mundo”, disse a chefe interina da unidade da ONU que zela pelas garantias fundamentais, durante o debate bienal do Conselho sobre o direito ao desenvolvimento.
O fardo insustentável da dívida soberana também sobrecarregou muitos países em desenvolvimento porque tem repercussões negativas na provisão de proteção social, continuou Al-Nashif, acrescentando que muitas nações estão agora enfrentando desafios fiscais sem precedentes, “incluindo distúrbios sociais” precisamente porque pagamentos de dívidas caros amarraram as mãos.
Para piorar as coisas, a invasão russa da Ucrânia em 24 de fevereiro causou “grande sofrimento humano” dentro do país e além de suas fronteiras, acrescentou.
A guerra também desencadeou uma nova interrupção nas cadeias de suprimentos globais, contribuindo para “aumentar os preços dos combustíveis e dos alimentos” que afetou desproporcionalmente mulheres e meninas, explicou Al-Nashif.
Aumento da pobreza extrema
Citando dados do Banco Mundial, salientou que se estima que mais 75 a 95 milhões de pessoas vivam este ano em extrema pobreza e salientou que dos 760 milhões que sobrevivem nessa situação precária, “seriam mais 16 milhões mulheres e meninas do que homens e meninos.
A maioria dessas pessoas, 83,7%, está concentrada em duas regiões: África Subsaariana (62,8%) e Ásia Central e do Sul (20,9%).
“A confluência de crises teve efeitos indiretos sobre alimentação e nutrição, saúde e educação, meio ambiente, paz e segurança, prejudicando ainda mais o progresso para alcançar a Agenda 2030 e comprometendo a sustentabilidade da recuperação da pandemia”, apontou Al-Nashif.
FIM
Fonte: ONU News
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