Uma mídia livre e independente é a própria essência de uma sociedade resiliente.
Em meio à proliferação de conflitos, ao caos climático, às crescentes divisões e a um ambiente digital em rápida mudança, uma imprensa livre é mais essencial do que nunca.
A mídia nos ajuda a entender o mundo ao nosso redor e promove o pensamento crítico e o diálogo.
Fotógrafos e realizadores de vídeo revelam a triste realidade da guerra e mostram como a emergência climática está destruindo vidas.
Jornalistas investigativos contam a história interna por trás dos eventos, dos mais importantes aos menos importantes, expondo abuso de poder, corrupção e outros crimes.
A mídia livre e independente é o melhor antídoto contra a desinformação.
Os governos e líderes têm a obrigação de proteger a mídia.
No entanto, eles não estão cumprindo essa obrigação.
A liberdade de imprensa está ameaçada em todas as regiões do mundo.
Os Estados assediam, detêm, torturam e até matam profissionais da mídia simplesmente por fazerem seu trabalho.
Em algumas zonas de conflito, as partes em guerra restringem ou negam o acesso a jornalistas.
Pelo menos 20 profissionais da mídia foram assassinados até agora este ano, e a impunidade para crimes contra jornalistas continua generalizada. Mais de oito em cada dez assassinatos de jornalistas ficam impunes.
Este ano, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é um lembrete de que as restrições à mídia estão aumentando, enquanto a inteligência artificial está transformando toda a maneira como as informações são produzidas, distribuídas e consumidas.
A inteligência artificial pode ser uma ferramenta muito útil para o jornalismo, mas, ao mesmo tempo, traz riscos consideráveis para a liberdade de imprensa.
Os algoritmos baseados em IA geralmente ditam o que vemos, moldando nossas opiniões e nossas percepções da realidade.
Representantes políticos exploram a inteligência artificial para usar a desinformação como uma arma e promover suas próprias agendas.
Os Estados estão usando ferramentas de inteligência artificial para monitorar jornalistas e suas fontes on-line, violando seu direito à privacidade. Isso está tendo um efeito inibidor sobre a mídia em todo o mundo.
As mulheres jornalistas também sofrem desproporcionalmente com esses ataques.
Além de todos esses problemas, há o fato de que um pequeno grupo de empresas e indivíduos tem controle quase total sobre a tecnologia de inteligência artificial e, portanto, pode influenciar o cenário da mídia global. Com o simples toque de um interruptor, eles podem ampliar suas próprias opiniões e silenciar as divergências.
O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa é uma oportunidade para nos comprometermos, com urgência, a mudar de rumo.
E isso deve começar nos próprios Estados.
Os Estados devem garantir que aqueles que praticam o jornalismo estejam a salvo de ataques, campanhas de ódio, vigilância, assédio físico e legal.
Ao regulamentar a inteligência artificial, os governos devem avaliar seu impacto sobre os direitos humanos. É essencial que haja maior transparência sobre como os dados são usados, como o conteúdo é selecionado e como os algoritmos são projetados.
A legislação referente à concentração de mídia precisa ser atualizada para refletir o poder da inteligência artificial e das plataformas tecnológicas, e para promover um cenário de mídia diversificado e que garanta espaço para o jornalismo independente.
As empresas de tecnologia também têm um papel crucial a desempenhar. Hoje, juntamente com a UNESCO, estamos publicando orientações para ajudar as empresas de tecnologia a avaliarem os riscos que suas ferramentas representam para a mídia e as vozes críticas.
Uma mídia livre, independente e diversificada pode ajudar a corrigir as divisões que assolam nossas sociedades.
Devemos fazer tudo o que pudermos para proteger essa mídia e permitir que ela floresça.
FIM