Fale conosco
Menu

ENTREVISTA | “A guerra na Ucrânia só mostra que precisamos ainda mais do multilateralismo”

Compartilhe em:

Compartilhar no twitter
Compartilhar no facebook
Compartilhar no linkedin
Compartilhar no email
Compartilhar no print
Presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Federico Villegas, afirma que mundo deve voltar às origens da criação da ONU com mais cooperação entre países e mais diálogo e entendimento; ele falou à ONU News sobre a saída da Rússia do órgão e a Comissão de Inquérito sobre a Ucrânia.

22 de abril de 2022 – A guerra na Ucrânia é uma prova de que existe um momento de crise no sistema multilateral, mas ao mesmo tempo, a crise também evidencia a necessidade de mais cooperação entre as nações, e não menos multilateralismo.

A declaração é do presidente do Conselho de Direitos Humanos, Federico Villegas Beltrán, que visitou as Nações Unidas nesta semana, na primeira missão oficial desde que foi eleito para o posto, em dezembro.

O presidente do Conselho de Direitos Humanos, Federico Villegas Beltrán, durante entrevista para a ONU News
Reprodução/UNTV. O presidente do Conselho de Direitos Humanos, Federico Villegas Beltrán, durante entrevista para a ONU News

Veto da Rússia

O embaixador da Argentina junto à ONU em Genebra tem mandato de um ano. Para ele, a invasão da Rússia à Ucrânia deu ao Conselho de Direitos Humanos, uma oportunidade de agir na direção certa.

“Temos que pensar que o aconteceu em Genebra é muito importante. Quando o Conselho de Segurança aqui foi bloqueado pelo veto da Federação Russa, nós tivemos a oportunidade de ser a parte do sistema multilateral que esteve à altura das circunstâncias. Esperamos que essa Comissão seja a mais importante para fazer um diagnóstico das atrocidades que estão a acontecer no conflito a partir da invasão da Rússia à Ucrânia.”

Os nomes dos três peritos da Comissão foram anunciados pelo presidente Villegas em 30 de março. O grupo é liderado pelo juiz da Noruega, Erik Mose, e é composto ainda por Pablo de Greiff, da Colômbia, e por Jasminka Džumhur, da Bósnia-Herzegóvina. O embaixador Federico Villegas lembrou que todos são bem experientes e estão recebendo o apoio para segurança em suas viagens enquanto apuram os relatos de crimes e violações dos direitos humanos. 

Assembleia Geral da ONU durante a Sessão Especial de Emergência sobre a Ucrânia na qual membros votaram pela suspensão dos direitos da Federação Russa no Conselho de Direitos Humanos.
UN Photo/Manuel Elias. Assembleia Geral da ONU durante a Sessão Especial de Emergência sobre a Ucrânia na qual membros votaram pela suspensão dos direitos da Federação Russa no Conselho de Direitos Humanos.

Momento histórico

A invasão da Rússia à Ucrânia começou em 24 de fevereiro. Em 7 de abril, a Rússia foi suspensa do Conselho de Direitos Humanos após uma votação na Assembleia Geral. 

Para Federico Villegas, a invasão da Rússia à Ucrânia é uma quebra da ordem mundial, e que mais do que nunca é preciso reforçar os laços de cooperação entre os países.

“A saída da Rússia do Conselho da Europa é um fator muito significante, mas o que precisamos é mais multilateralismo nesse momento. E por isso, eu acho que as Nações Unidas têm a oportunidade de estar num momento histórico. As pessoas que falam… O embaixador falou algo ontem, e eu pedi permissão para utilizar, que “é o tempo de São Francisco (a cidade na Califórnia, onde foi firmada a Carta da ONU). Estamos num momento de São Francisco. Então, o multilateralismo tem que estar tão presente como esteve sem São Francisco.”

Secretário-geral pediu pausa humanitária para permitir abertura de corredores de ajuda
ONU/Eskinder Debebe. Secretário-geral pediu pausa humanitária para permitir abertura de corredores de ajuda 

Apelo do secretário-geral

No início da semana, o secretário-geral da ONU pediu uma pausa humanitária durante a Páscoa dos cristãos ortodoxos, que começa nesta quinta-feira e termina no domingo. 

António Guterres disse que a medida levaria à criação de uma passagem segura de ajudar humanitária e ainda levaria a mais diálogo para a solução do conflito. Ainda na terça-feira, Guterres enviou uma carta aos líderes da Rússia e da Ucrânia propondo uma visita dele a ambos os países.

Conselho de Direitos Humanos pode ajudar países a conviver melhor com ONGs

Uma parceria mais forte de defensores de direitos humanos, representantes da sociedade civil e organizações não-governamentais, ONGs, com Estados e governos em prol do desenvolvimento sustentável.

É a proposta que o novo presidente do Conselho de Direitos Humanos está apresentando aos 47 membros do órgão durante seu mandato de um ano à frente do grupo.

Desde que foi eleito, em dezembro, o embaixador da Argentina junto à ONU, em Genebra, afirma que é preciso desenvolver novos padrões de combate à discriminação e promover os direitos. Para Federico Villegas, todos têm a ganhar quando existe mais cooperação dos países com a sociedade civil.

“Eu acho que nós temos que achar uma forma de conhecer as organizações da sociedade civil como sócios dos Estados para o desenvolvimento com a perspectiva dos direitos humanos. Porque o problema que temos é que há muitos países, por exemplo a Argentina, onde estamos muito, muito habituados a trabalhar com organizações. E para nós, é muito comum, ter uma organização da sociedade civil, que de manhã critica o governo, e à tarde está com o governo a ajudar a desenvolver uma política pública. Tem dois (roles) papéis. E os dois papéis são válidos.  E nós respeitamos. Mas muitos países não têm essa experiência. Só veem as ONGs como aquelas que criticam, que são financiadas por outros países etc. Mas temos que ajudar, no Conselho, a descobrir este outro papel das ONGs. Assim é como se pode mudar padrões de discriminação e outras questões.”

América Latina é uma das regiões mais perigosas do mundo para defensores de direitos humanos
Unsmil/Iason Athanasiadis. América Latina é uma das regiões mais perigosas do mundo para defensores de direitos humanos

Acordo de Escazú e Guerra na Ucrânia

Segundo o Escritório de Direitos Humanos da ONU, a América Latina é uma das regiões mais perigosas do mundo para defensores de direitos humanos. Somente na Colômbia foram pelo menos 78 assassinatos em 2021.

No ano passado, entrou em vigor o Acordo de Escazú, o primeiro tratado ambiental da América Latina e Caribe, que promove a segurança e proteção dos ativistas em seu trabalho.

O presidente do Conselho de Direitos Humanos, Federico Villegas, disse também que o mundo precisa investir ainda mais no multilateralismo nesse momento de crise e conflitos, incluindo a guerra na Ucrânia. Para ele, é hora de construir pontes e de resgatar o espírito da criação da ONU, de 1945, ao gerar união entre as nações.

Leia aqui a íntegra da entrevista de Federico Villegas à Mônica Villela Grayley, da ONU News.

Fonte: ONU News

Se preocupa com o mundo em que vivemos? Então defenda os direitos humanos de alguém hoje. #DefendaosDireitosHumanos e visite a página:  http://www.standup4humanrights.org/

ODS Relacionados

Rolar para cima
Rolar para cima